Durante os depoimentos, houve diversos momentos de descontração entre os réus, seus advogados e as autoridades presentes no Supremo. Veja:
O ministro Alexandre de Moraes ironizou o pedido de mudança de horário das oitivas feito pelo advogado do general Augusto Heleno. A cena ocorreu na noite da segunda-feira (9), primeiro dia dos depoimentos, quando Matheus Mayer alegou que iria chegar tarde em sua casa.
"Eu, minimamente, quero jantar, Excelência, porque eu só tomei café da manhã", disse o advogado do general, que não disfarçou o riso diante da declaração inusitada.
Após negar o pedido, Moraes rebateu: "Doutor, vamos ver se nós terminamos amanhã, daí o senhor tem quarta-feira para tomar um belo brunch. Quinta-feira, um jantar, que é Dia dos Namorados. Sexta, dia de Santo Antônio, o senhor comemora também. Se a gente começa a atrasar, a gente não acaba".
Durante o interrogatório, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que Moraes era "bastante criticado" entre os aliados do governo Bolsonaro e na reunião que ele classificou como "conversa de bar".
A declaração foi dada após uma pergunta do advogado Celso Vilardi, que representa Bolsonaro, sobre citações ao ministro em uma reunião entre militares no dia 28 de novembro de 2022.
"O senhor foi muito criticado", respondeu Mauro Cid. Em seguida, Moraes rebateu: "Só? O senhor tem que falar a verdade. Eu tô acostumado, pode falar", levando os réus e advogados ao riso.
No segundo dia de julgamento, foi a vez de o advogado do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, Eumar Novacki, protagonizar um momento de descontração.
Novacki pediu que seu cliente para que explicasse o funcionamento da estrutura de hierarquia entre a Polícia Militar do Distrito Federal e a Secretaria de Segurança Pública do DF, a qual Torres comandava nos primeiros dias de janeiro de 2023.
No entanto, antes que o depoente pudesse responder à pergunta, Moraes sorriu e disse ao advogado: "Doutor, não provoca". Em seguida, os três riram da situação.
O ministro fez referência a um embate que teve no mês ado com Rosivan Correia de Souza, servidor da Secretaria de Segurança Pública do DF, que na ocasião prestava depoimento como testemunha de defesa de Torres.
Outro momento em que a defesa de Augusto Heleno arrancou risadas no Supremo, foi quando Mayer chama atenção do ex-ministro, seu cliente, por não responder as perguntas corretamente.
Mayer questionou Heleno se ele havia coordenado ações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), orientando para que a agência produzisse relatórios e documentos com informações falsas sobre a eleição de 2022.
“De maneira nenhuma, não havia clima, o clima da Abin era muito bom”, respondeu Heleno.
“Não, general, a pergunta aqui é só sim, ou não, desculpa”, rebateu o advogado.
Foi quando Moraes começou a rir e disse: “Não fui eu general, que fique nos anais aqui no Supremo, foi o seu advogado”.
O ex-presidente Jair Bolsonaro também resolveu brincar em um momento de seu depoimento. O ex-presidente, que está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), perguntou se poderia fazer uma brincadeira com Moraes e, em tom de descontração, o magistrado respondeu: “Eu perguntaria para os seus advogados antes”.
Então, Bolsonaro declarou: “eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 2026”. Moraes rindo respondeu: “eu declino novamente”.
Antes, o ministro já havia "declinado" de outra proposta do ex-presidente, que ofereceu mandar imagens de encontros seus com apoiadores.
O ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira demonstrou irritação com seu advogado, Andrew Farias, que questionou sobre uma reunião ministral realizada em 2022.
De braços abertos, ele questionou: “Vai me perguntar sobre a reunião, cara?”. Todos os presentes riem da situação.
Então, Farias afirma que seria apenas para “esclarecer”.
“Só para informar que, a pedido aqui do advogado, você não combinou comigo, viu?. Mas tudo bem”, diz o ex-ministro demonstrando irritação.
As risadas voltam quando Moraes pergunta: “Satisfeito?” e Farias responde: "Satisfeito, sem mais perguntas".
No início do interrogatório do ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto, Moraes deu uma resposta irônica durante as perguntas obrigatórias de introdução.
O relator da ação penal questiona se Braga Netto já foi preso em algum momento, o ex-ministro ri e responde: “Eu estou preso, senhor presidente”.
O ministro enfatiza que a pergunta é referente a outra eventual prisão e rebate: “Eu sei que o senhor está preso, eu que decretei”.
*Sob supervisão de Renata Souza