Bolsonaristas veem roteiro “estranho” no STF e falam em “conter danos”
Sessão sobre plano de golpe mais confundiu do que esclareceu na avaliação de uma ala próxima ao ex-presidente
O roteiro apresentado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o plano de de golpe para mantê-lo no poder frustrou expectativas de aliados próximos.
Na avaliação de auxiliares, ao explorar feitos de sua gestão — vangloriando-se, por exemplo, de ter levado “água ao Nordeste” e de um “ministério técnico” — o ex-presidente perdeu a oportunidade de explorar questões consideradas centrais pelo bolsonarismo: implicações eleitorais que justificariam ao ex-mandatário ter buscado alternativas para avaliar o estado de sítio.
Ainda que dificilmente o argumento convencesse, interlocutores acreditam que Bolsonaro deveria ter seguido um roteiro com “começo, meio e fim”, elencando uma série de medidas que, segundo eles, dificultaram o desempenho do ex-presidente nas urnas.
O ex-presidente até citou a multa de 23 milhões ao PL, pelo relatório que questionava a segurança das urnas, mas pouco explorou outros assuntos.
Nas palavras de um nome próximo, Bolsonaro até conseguiu usar a “vertical jurídica” a seu favor, mas esqueceu-se do “verniz da comunicação”.
Mauro Cid
A defesa de Bolsonaro considera ter saído vitoriosa em relação ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
Celso Vilardi, advogado do ex-presidente, questionou Cid sobre a existência de um aparelho celular supostamente escondido da PF e a existência de um perfil com o nome da esposa do ex-ajudante de ordens.
A desconfiança é de que, mesmo proibido, o ex-ajudante de ordens tenha buscado meios de se comunicar com investigados e vazar informações.
A defesa também se atém à origem do dinheiro entregue pelo ex-ministro Valter Braga Netto a Mauro Cid para financiar o plano de golpe. Mauro Cid diz que o valor foi reado pelo ex-ministro, que rejeita a versão.
Apesar das queixas sobre o depoimento do ex-presidente, para esse entorno, Bolsonaro saiu no “zero a zero”, com um desempenho aquém do esperado, mas sem danos maiores. O momento, agora, é de “contenção” de danos, já que, para aliados, a prisão de Bolsonaro deverá se concretizar ao final do julgamento.